segunda-feira, 30 de maio de 2011

Fantástico - Os Efeitos do Oxi




Programa Fantástico, exibido em 22/05/2011. Nessa edição o programa exibido pela Rede Globo, reservou  uma de suas reportagens para falar sobre o OXI, droga de baixo custo e altos danos, que vem se alastrando pelo Brasil.

Confira a reportagem em vídeo ou texto.


http://www.youtube.com/watch?v=Z-MYTwhA4s4

O crack apareceu nos anos 80 nos Estados Unidos. Nós não tomamos nenhuma medida preventiva. Sequer educamos as crianças. O que aconteceu? A primeira cracolândia se estabeleceu em São Paulo e a droga se espalhou pelo Brasil inteiro. As estimativas são de que existam 1,2 milhão de usuários de crack pelo país. É uma epidemia. Agora surge o oxi. Uma preparação mais bruta, mais barata da cocaína e ainda mais destruidora do que o crack. É difícil prever o que vai acontecer? Nós vamos assistir passivamente à disseminação do oxi pelo Brasil inteiro? Nós não vamos fazer nada?

"O oxi é um tipo de crack adulterado. Fundamentalmente todos eles vêm da pasta base de cocaína. É fundamentalmente você colocar nesta pasta base ou querosene, ou gasolina ou cal. E você vai transformar de uma forma muito tosca, com uma tecnologia muito tosca, um subproduto do crack, mais adulterado, que tem as características de ser mais barato, mais poderoso, e mais de fácil acesso para o usuário", explica Ronaldo Laranjeira, psiquiatra da Unifesp.

O oxi entrou no Brasil há sete anos pelas fronteiras que o Acre faz com a Bolívia e o Peru. Ficou restrito ao norte do país até este ano, quando se espalhou por diversos estados. A primeira apreensão de oxi na cidade de São Paulo foi em março deste ano de 2011. É possível que o oxi já existisse antes?

"Eu acredito firmemente nisso. É muito provável que esse produto já estivesse em circulação pelo menos naquela região da cracolândia há mais tempo", acredita Wagner Giudice, diretor do Denarc.

Quando você fuma o oxi, o querosene provoca náuseas, vômitos, tosse, sensação de sufocamento, tremores e até convulsões. Os vapores de cal irritam os olhos, provocam perda parcial da visão e cegueira. O oxi queima por onde passa. Boca, garganta, brônquios e pulmões ardem. Você pensa que está fumando cocaína, mas na verdade está se envenenando com querosene e cal.

"Quando ele vai ser queimado fica o resíduo da não queima de parte da querosene. A fumaça que sai é a fumaça que vai ser inalada. Querosene, cal. E nós temos o resíduo que sobra, uma espécie de uma graxa. O cheiro de combustível pela queima do querosene. A sobra é esse líquido oleoso, conhecida como oxi ou oxidado porque ele fica realmente oxidado", explica um delegado.

"Eu acredito que o oxi pode alcançar muito rapidamente os consumidores de crack. O crack alcançou mais de 90% das cidades brasileiras por ser uma droga conhecida como barata. O oxi é mais barato do que o crack", acredita Wagner Giudice, diretor do Denarc.

"Fizeram uma pesquisa de um ano com cerca de cem usuários e constataram que, em um ano, 30% desses usuários acabaram morrendo em razão dos efeitos dessa droga lá no Acre. Hoje, o oxi chega em uma zona onde o pessoal já está com graves problemas de saúde. A maioria dos que estão na Cracolândia sofre de AIDS, sofre de tuberculose, e, por incrível que pareça, sarna, em razão da promiscuidade que eles estão vivendo. Então o oxi entrando em um campo desses realmente vai causar mais malefícios", alerta Reinaldo Corrêa, delegado do Denarc.

Marcos Antônio é um usuário de oxi e crack em tratamento. A dependência o fez roubar objetos da família e morar na Cracolândia.

"Passei três noites lá. Eu vi crianças de 7 anos de idade na fissura, ameaçando pessoas para dar um trago. Por ele ser muito barato, está entrando como uma avalanche no mercado. Lá na Cracolândia você compra trago por R$ 0,50. A gente se sente uma escória, a gente se sente um verme ali",
conta Marcos. "Vi que eu precisava me internar no momento em que vi meus filhos abandonados. Tenho duas filhas adolescentes."

Uma droga devastadora como o oxi destruirá um número incalculável de usuários e famílias. Dependência química não é caso de polícia. É doença que precisa ser enfrentada com medidas preventivas e assistência médica para tratamento dos dependentes. Estamos diante de uma tragédia anunciada: o oxi. Ainda dá tempo para reagir.

domingo, 8 de maio de 2011

Conexão Repórter - OXI, Uma Droga que Ameaça


Programa Conexão Repórter, exibido em 11/11/2010. Nessa edição o programa exibido no SBT teve como tema: OXI, Uma Droga que Ameaça.

Conexão Repórter apresenta uma investigação inédita e exclusiva sobre uma nova droga que ameaça o país: o Oxi. Roberto Cabrini e sua equipe percorrem as fronteiras do Brasil e mostram que droga é essa, como ela funciona no organismo, porque está avançando rapidamente no Brasil e como entra no território nacional.
Confira o programa em 4 partes nos vídeos a seguir:









No site do Conexão Repórter você também encontra um texto com a reportagem na integra alem de outras informações.

Vale a pena conferir!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A propagação do Oxi pelo Brasil

Mais forte do que o crack, óxi chega a São Paulo após se espalhar por dez Estados

Do UOL Notícias 

Ainda desconhecido pela maioria da população, o óxi ou oxidado, uma droga parecida com o crack, só que mais devastadora, já se espalhou por dez Estados do país e recentemente chegou a São Paulo. Assim como o crack, o princípio ativo do óxi é a pasta base da folha de coca. Enquanto o crack é obtido a partir da mistura e queima da pasta base com bicarbonato de sódio e amoníaco, no óxi são utilizados cal virgem e algum combustível, como querosene, gasolina e até água de bateria --substâncias que barateiam o custo do entorpecente.

O óxi é inalado ou fumado, assim como o crack, na lata ou no cachimbo. A droga é produzida na Bolívia e no Peru e começou a entrar no Brasil em 2005 pelo interior do Acre. Em pouco tempo, chegou a Rio Branco, onde atualmente há um número elevado de usuários, e se espalhou para outras capitais da região Norte, como Manaus (Amazonas), Belém (Pará), Macapá (Amapá) e Porto Velho (Rondônia).

Nos últimos meses, houve apreensões e registros de usuários em Goiás, Distrito Federal, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Piauí --onde foram confirmadas 18 mortes só neste ano por conta do uso do óxi. Há rumores da circulação da droga no Mato Grosso, Maranhão e Paraná, embora não haja registros oficiais.

A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), subordinada ao Ministério da Justiça, informou que pesquisadores do órgão registraram a circulação da droga em Santos (SP), mas não forneceu mais detalhes. Na capital, não há registros de usuários de óxi no SUS (Sistema Único de Saúde), segundo a Secretaria de Estado da Saúde. A Secretaria Municipal da Saúde da capital paulista, que faz um trabalho com usuário de drogas na Cracolândia, região central, também afirma não ter encontrado a droga.

Oficialmente, o Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos) da Polícia Civil ainda não fez apreensões da droga. Segundo o órgão, no entanto, o óxi já pode ter sido apreendido, mas não foi diferenciado em razão de sua semelhança com o crack. A maior diferença na aparência entre as duas drogas é a cor mais amarelada do óxi, enquanto a pedra do crack é mais clara.


  • Composição da droga  

- Pasta base da folha de coca

- Cal virgem

- Combustível, como querosene, gasolina e até álcool de bateria


O delegado Reinaldo Corrêa, da Divisão de Prevenção e Educação (Dipe) do Denarc, cita um episódio ocorrido em março deste ano, em que foram apreendidos 200 kg de crack em um laboratório no Ipiranga, zona sul de São Paulo. Na ocasião, a polícia prendeu oito mulheres contratadas em Alagoas para empacotar a droga, além de seis homens que compravam a droga no atacado na Bolívia. Na época, o Denarc anunciou que a apreensão era de crack, mas segundo Corrêa, tudo indica que, na verdade, tratava-se de óxi.

“Os investigadores queimaram algumas pedras para analisar o material e a substância soltou uma espécie de óleo, que é um resíduo do querosene do óxi que o crack não solta. Só foi registrado como crack porque os investigadores não sabiam da existência do óxi. Agora, qualquer coisa que a gente apreender, vamos ficar de olho”, afirmou o delegado.

Ainda segundo Corrêa, pedras estão sendo vendidas na cracolândia por R$ 2 a R$ 5, valor inferior ao que normalmente o crack é comercializado (entre R$ 7 e R$ 10), o que pode ser um indício do comércio de óxi. Também há relatos não-oficiais de uso de óxi na região da avenida Jornalista Roberto Marinho, na zona sul da capital. “Se olharmos o percurso da droga, o próximo destino é São Paulo, que é o grande centro
consumidor de crack. Nada impede que o óxi chegue aqui”, disse.


  • Efeitos e danos ao organismo

A pasta base é feita a partir da trituração da folha de coca, encontrada nos países andinos (Bolívia, Peru, Colômbia e Equador). Para obter a pasta base, utiliza-se ácido sulfúrico e outros componentes tóxicos. No óxi, a pasta base é misturada com combustível e cal virgem, componentes corrosivos e extremamente danosos ao organismo.

A droga inalada chega ao cérebro entre 7 e 9 segundos, apenas, e acelera o metabolismo do usuário, causando sensações de euforia, depressão, medo e paranoia. Diferente da cocaína, os efeitos duram pouco tempo, no máximo 10 minutos. Essas circunstâncias obrigam o drogado a inalar o óxi repetidamente para manter o “barato”, o que aumenta as agressões ao organismo.

De acordo com o psiquiatra Pablo Roig, diretor de uma clínica particular de recuperação de drogados, o que torna o óxi mais letal que o crack é, em primeiro lugar, os componentes adicionais --cal e combustível-- e, em segundo, a quantidade do princípio ativo da cocaína, que no óxi é de 60% do composto, um pouco superior ao encontrado no crack.

“São substâncias com alta toxicidade, que causam dificuldades na respiração, fibroses e endurecimento do pulmão. Afetam o sistema cardiorrespiratório e promovem uma vasoconstrição muito intensa. Muitos usuários têm perda de consciência, o que leva a uma parada cardíaca e ao coma”, afirma o médico.

A maioria dos usuários intercala as inaladas com doses de álcool para controlar a sensação de abstinência causada pela droga, o que ataca o fígado e o sistema digestivo, fazendo com que os usuários tenham diarreia e vômito. Muitos usuários de óxi apresentam aparência amarela por conta dos efeitos da droga no fígado.

“O álcool com a substância da cocaína forma o cocaetileno, que pode provocar esteatose hepática (gordura no fígado) e cirrose”, diz Roig. O cocaetileno também é uma substância tóxica para o miocárdio, o que pode também provocar morte súbita.

Ainda não há um estudo sobre a letalidade do óxi. Nos próximos dias, a Fundação Oswaldo Cruz, em parceria com o Ministério da Justiça, divulgará um amplo estudo sobre o crack que também deve abordar o óxi. No entanto, segundo o delegado do Denarc, em média 30% dos usuários da droga não sobrevivem após um ano de uso.
 

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